SÍNDROME DE ASPERGER (SA) - GENERALIDADES
Na TV faz sucesso o seriado de comédia The Big Bang Theory, onde o personagem central é o jovem e genial cientista Dr. Sheldon. Dele, porém, o que mais chama atenção é o comportamento bizarro, típico dos portadores da Síndrome de Asperger.
É "síndrome" qualquer conjunto de sinais e sintomas que caracterize determinado quadro patológico específico (ainda que nem todos aqueles sinais e sintomas estejam necessariamente reunidos num mesmo indivíduo).
Hans Asperger (1906-80) foi o psiquiatra e pesquisador austríaco que deu nome à síndrome.
Classicamente, a SA era considerada uma variedade de autismo. A despeito de possíveis semelhanças, entretanto, é pouco provável que tenham a mesma raiz, por pelo menos três motivos: (1) SA distingue-se do autismo clássico por não incluir atraso global no desenvolvimento cognitivo ou da linguagem; (2) o autista se isola, o que não é regra para o Asperger, e (3) ao contrário do Asperger, é comum que o autista responda bem à terapia ortomolecular.
A SA afeta ambos os sexos, porém é mais comum nos homens.
Entre si, os Aspergers se tratam por aspies.
O Asperger não é prontamente reconhecido, porque cada um tem sua personalidade preservada.
As características mais comuns entre Aspergers se incluem em três categorias:
- dificuldades no relacionamento social
- interesses específicos
- peculiaridades na linguagem
RELACIONAMENTO SOCIAL
Para o Asperger, as dificuldades de interação social constituem obstáculo severo e persistente. Falta-lhe a "antena" que lhe permitiria interagir adequadamente com os outros à sua volta - donde a necessidade de "aprender" os protocolos sociais que não lhe são naturalmente intuitivos.
O Asperger é consciente das próprias limitações, e, talvez por isto mesmo, e como defesa, desenvolve comportamentos estereotipados, evitando mudanças em sua rotina.
Assim como pessoas desconhecidas, "surpresas" o fazem desconfortável. Aspergers reagem mal a surpresas de qualquer natureza - ruins ou mesmo boas - porque os tiram da frágil zona de conforto, e os desconcertam sobremaneira, tornando-os desconfiados, arredios e incapazes de interagir. Nestas situaçoes eles se tornam esquivos, e se 'fecham'.
Para o Asperger é difícil compreender as mensagens transmitidas por meio da linguagem corporal, já que não consegue "ler" as intenções do outro.
Difícil lhe é também expressar emoções, o que o leva a parecer rude e ofensivo, e ser mal interpretado pelos outros, que se afastam por acreditarem que o aspie não sente empatia. Consciente da própria "cegueira emocional" (gafes, "foras" e outros erros sociais), o Asperger passa a temer novos erros de comportamento, e esta autocrítica pode chegar ao ponto de fobia, dando lugar a isolamento.
Aspergers têm dificuldade em entender seus próprios sentimentos ou o seu impacto nos sentimentos alheios, e - conscientes da própria incerteza emocional - desconfiam da intuição, restando-lhes analisar as situações pela lógica racional (infelizmente nem sempre aplicável...).
Hipersensibilidade auditiva faz parte do quadro da SA. Ruídos o irritam e desconcertam. Ambientes ruidosos o incomodam sobremaneira, tornando-o arredio e pouco propenso ao diálogo. Para o Asperger, choro de crianças, ganido de cães ou outras manifestações de sofrimento alheio são particularmente alarmantes, fazendo-o beirar o pânico (cf. com dessincronia auditiva, em www.dessincronia-auditiva.blogspot.com ).
Espiões e detetives escondem um mini-gravador (em qualquer lugar discreto) para, secretamente, gravar conversações. Estes 'gravadores-espiões' são ativados pela voz, isto é, ficam desligados até que captem a voz humana, quando então se ligam automaticamente e iniciam a gravação. No entanto, a gravação não é instantânea. Do instante em que o gravador 'percebe' a voz até que ele comece a gravar, há um breve intervalo - próximo de 1 segundo, tempo suficiente para que se percam as primeiras palavras da frase. A este intervalo chamamos 'delay'. Quando alguém dirige a palavra a um Asperger, também este se comporta como o gravador automático, transcorrendo um delay até que o portador comece a registrar o que lhe dizem. Por este motivo, a melhor maneira de conversar com um Asperger é iniciando as frases com o nome dele: - Marcelo, apague a luz é melhor entendido do que simplesmente - Apague a luz (é mais ou menos como se a atenção do Asperger 'pegasse no tranco').
A despeito de tantas limitaçoes - e paradoxalmente - é comum que o Asperger "enxergue" o que outros não vêem (percepção abstrata).
Mais indícios (USP, 2010): www.producao.usp.br/handle/BDPI/9062
INTERESSES ESPECÍFICOS E COGNIÇÃO
Não há atrasos no desenvolvimento cognitivo, mas o comportamento e interesses do Asperger tendem a padrões restritos e repetitivos. Exceto pela interação social, o Asperger não difere em inteligência das demais pessoas, mas é comum que concentre obsessivamente seu interesse em determinado assunto (Informática é comum). Neste, não é raro que se destaque de maneira extraordinária. Einstein, Newton, Van Gogh, Bill Gates e Nikola Tesla são exemplos famosos.
LINGUAGEM PECULIAR
Não há também atraso no desenvolvimento da linguagem. No entanto, o Asperger interpreta a linguagem de maneira literal, sendo-lhe difícil identificar o uso de ironia, sarcasmo ou metáforas.
TRATAMENTO
Por regra, o autismo clássico responde bem ao tratamento ortomolecular (dieta e suplementos, além do combate ao mercúrio). Mais do que deficiente em nutrientes específicos (vitaminas, minerais e ácidos graxos), o autista é, não raro, dependente de megadoses destes, e, uma vez satisfeita esta demanda anômala, recuperação é a regra, bastando que, por aproximações sucessivas, se determinem as doses individualmente necessárias, que serão mantidas (e oportunamente reajustadas). O tratamento ortomolecular costuma ser eficaz, rápido e - mais importante - atóxico, porque dispensa drogas psicoativas sintéticas.
O mesmo parece não se aplicar à SA. Se mesmo o diagnóstico da SA nem sempre é fácil (mesmo porque ela pode ser confundida com a simples exacerbação de alguns perfis de personalidade), não se conhece tratamento eficaz. Entretanto, com o amadurecimento e traquejo nas relações humanas, o Asperger "aprende", pelo menos em parte, a lidar com sua condição, abrandando as manifestações.
(a respeito de Medicina Ortomolecular, veja www.orto-med.blogspot.com )
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Asperger, por Asperger
Como médico, lido profissionalmente com desvios psiquiátricos, como ansiedade, depressao, autismo e esquizofrenia.
Pelas limitaçoes óbvias, autistas e esquizofrênicos contam com alguma tolerância por parte da família e de conhecidos (que "dao o devido desconto" às idiossincrasias/esquisitices do afetado).
Caso particular é o portador da Síndrome de Asperger. Deste, a normalidade intelectiva e verbal mascara suas limitaçoes, que assim deixam de ser tao óbvias. A consequência desta aparente 'normalidade' é a intolerância dos circunstantes - mesmo daqueles que sabem da condiçao do portador.
O Asperger se vê assim numa condiçao especialmente angustiante. Ele é mal visto tanto na açao quanto na omissao! É mal visto quando participa dos assuntos à sua volta, e mal visto também quando, por defesa, se esquiva de assuntos 'delicados' - que ele nem sempre identifica...
É o cenário ideal para situaçoes de conflito.
Interpretaçoes e confusoes deflagram ambiente tenso (quando nao exaltado). Quando nao isolado pela sociedade, por esta consciência o Asperger não raro se isola.
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dr VIC JOHNSON
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